quinta-feira, 23 de abril de 2009

Proposta de trabalho

Agora apresentamos-te alguns questionários aos quais deves responder se mais queres saber:

Caracterização das personagens

D. Madalena de Vilhena (personagem principal e plana)
  • Nobre e culta;
  • Sentimental;
  • Complexo de culpa (nunca gostou de D. João, mas sim de D. Manuel);
  • Torturada pelo remorso do passado;
  • Ligada à lenda dos amores infelizes de Inês de Castro;
  • Apaixonada, supersticiosa, pessimista, romântica (em termos de época), sensível, frágil.

D. Madalena tinha 17 anos quando D. João de Portugal desapareceu na batalha de Alcácer-Quibir. Durante 7 anos procurou-o. Há 14 anos que vive com Manuel de Sousa Coutinho. Tem agora 38 anos. Uma bela mulher com carácter nobre, vive uma felicidade momentânea, pressentindo a infelicidade e a tragédia do seu amor. Não acredita no mito sebastianista, pois este pode trazer D. João de Portugal, pois é algo que ela teme. É com medo que a encontramos a reflectir nos versos de Camões e a sentir, como se fosse um pesadelo, com a ideia de que a sobrevivência de D. João de Portugal destrua a felicidade da sua família. D. Madalena a imaginar, a preocupação torna-se intuição, dor e angústia.


Manuel de Sousa Coutinho (personagem principal e plana)

  • Construído segundoos parâmetros do ideal da época clássica;
  • Nobre, cavaleiro de Malta;
  • Racional;
  • Bom marido e pai terno;
  • Corajoso, audaz, decidido, patriota, nacionalista;
  • Valores: pátria, família e honra;
  • Excepções ao equilíbrio (momentos em que Manuel foge ao modelo clássico e tende para o romântico): cena do lenço de sangue/espectáculo excessivo do incêndio.

Manuel de Sousa Coutinho (mais tarde Frei Luís de Sousa) é um bom pai e um bom marido. Um nobre e honrado fidalgo, que queima o seu palácio, para não receber os governadores. Embora apresente a razão a dominar os sentimentos, por vezes, estes sobrepõem-se quando se preocupa com a doença da filha.



Maria de Noronha (personagem principal e modelada)

  • Nobre: sangue dos Vilhenas e dos Sousas;
  • Precocemente desenvolvida, física e psicologicamente;
  • Doente de tuberculose;
  • Poderosa intuição e dotada do dom da profecia;
  • Encarnação da Menina e Moça de Bernardim Ribeiro;
  • Modelo da mulher romântica: a mulher-anjo;
  • A única vítima inocente.

Maria de Noronha tem 13 anos, é uma menina bela, mas frágil, com tuberculose, e acredita com fervor que D. Sebastião regressará. Tem grande curiosidade e espírito idealista. Ao pressentir a hipótese de ser filha ilegítima sofre moralmente. Será ela a maior vítima neste drama.

Telmo Pais (personagem secundária)

  • Escudeiro e aio de Maria;
  • Tem dois amos: D. João e Maria;
  • Confidente de D. Madalena;
  • Chama viva do passado (alimenta os terrores de D. Madalena);
  • Provoca a confidência das três personagens principais;
  • Considerado personagem modelada num momento: durante anos, Telmo rezou para que D. João regressasse mas quando este voltou quase que desejou que se fosse embora.
Telmo Pais, o velho criado, confidente privilegiado, define-se pela lealdade e fidelidade. Não quer magoar nem pretende a desgraça da família de D. Madalena. Mas como verdade recorrente no mito sebastianista, acredita que D. João de Portugal há-de regressar. No fim, acaba por trair um pouco a lealdade de escudeiro pelo amor que o une à filha daquele casal, Maria.

Romeiro / D. João de Portugal (personagem principal, central e modelada)

  • Nobre (família dos Vimiosos);
  • Cavaleiro;
  • Ama a pátria e o seu rei;
  • Imagem da pátria cativa;
  • Ligado à lenda de D. Sebastião;
  • Nunca assume a sua identidade;
  • Exemplo de paradoxo/contradição: personagem ausente mas que, no desenrolar da acção, está sempre presente.

O Romeiro apresenta-se como um peregrino, mas é o D. João de Portugal. Os vinte anos de cativeiro transformaram-no e nem D. Madalena o reconhece. D. João de Portugal, de fantasma invisível na imaginação das personagens, vai lentamente adquirindo perfis até se tornar na figura do Romeiro que se identifica como "Ninguém". O seu fantasma anda sobre a felicidade daquela casa como uma ameaça trágica. E o sonho torna-se realidade.

Frei Jorge Coutinho (personagem secundária e plana)

  • Irmão de Manuel de Sousa;
  • Ordem dos Dominicanos;
  • Amigo da família;
  • Confidente nas horas de angústia;
  • É quem presencia as fraquezas de Manuel de Sousa.

Frei Jorge, irmão de Manuel de Sousa, amigo da família e confidente nas horas de angústia, ouve a confissão angustiada de D. Madalena. Vai ter um papel importante na identificação do Romeiro, que na sua presença indicará o quadro de D. João de Portugal.



Mais informação em:
http://www.notapositiva.com/resumos/portugues/freiluissousa.htm
http://lithis.net/26


Tempo

  • Informações temporais dadas através das falas das personagens;
  • Período vasto de tempo (21 anos) mas a acção representada tem apenas uma semana;
  • Batalha de Alcácer Quibir (1578) + 7 anos + 14 anos

Primeira sexta-feira (27 de Julho de 1599) aos + 8 dias à Segunda sexta-feira (4 de Agosto de 1599) – HOJE (2º acto);

5 De Agosto (consequências do hoje) - madrugada

  • Em cena temos apenas duas partes de dois dias;
  • Tempo histórico (o desenrolar da acção está dependente da batalha);

Tempo da acção

  • Ao afunilamento do espaço corresponde uma concentração do tempo dum dia especial da semana: 6ª feira;
  • As principais cenas passam-se durante a noite.

Mais informação em:
http://www.notapositiva.com/resumos/portugues/freiluissousa.htm

Espaço físico



Acto 1º
Palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada.
Câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância portuguesa dos princípios do século XII. É, pois, um espaço sem grades, amplamente aberto para o exterior, onde as personagens ainda gozam a liberdade de se movimentarem guiadas pela sua vontade própria. Através das grandes janelas rasgadas domina-se uma paisagem vasta. – É o fim da tarde.

Acto 2º
Palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada, que agora pertença a D. Madalena.
Salão antigo de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família, muitos de corpo inteiro; estão em lugar de destaque o de el-rei D. Sebastião, o de Camões e o de D. João de Portugal. Portas do lado direito para o exterior, do esquerdo para o interior, cobertas de reposteiros com as armas dos Condes de Vimioso. Deixa de haver janelas e as portas, ainda no plural, são já mais destinadas a cercar as personagens que a deixá-las escapar.

Acto 3º
Parte baixa do Palácio de D. João de Portugal, comunicando pela porta à esquerda do espectador, com a capela da Senhora da Piedade na Igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada: é um casarão sem ornato algum. Arrumadas às paredes, em diversos pontos, escadas, tocheiras, cruzes e outros objectos próprios para uso religioso. É alta noite.

Espaço social (costumes e mentalidades que definem uma época)
  • Características do palácio de D. Manuel à família da aristocracia;

  • Madalena lendo à Sendo mulher, usufrui de educação;

  • A existência de Telmo, Doroteia, Miranda;

  • Maria lendo “Menina e Moça” de Bernardim Ribeiro;

  • D. João servia ao lado de D. Sebastião;

  • Peste à população com más condições; a Almada não chega a peste devido à falta de comunicação;

  • Os casamentos não eram feitos por amor à D. Madalena casa com D. João por obrigação;

  • D. Madalena fica com tudo o que era de D. João à os casamentos eram feitos com base na partilha;

  • Maria é uma filha ilegítima por ser filha de um segundo casamento;Más comunicações: um cativo na terra santa não consegue fazer saber-se que está vivo e a família também não o encontra;

  • O marido funciona, muitas vezes, com pai da esposa, pois esta é muito mais nova que ele.

Mais informação em:
http://www.notapositiva.com/resumos/portugues/freiluissousa.htm



Estrutura Interna

  • Tem a ver com o desenrolar da acção e é dividida em:

- Exposição – apresentação das personagens e dos antecedentes da acção.

- Conflito – sucessão gradual dos acontecimentos que fazem avançar a acção através de momentos de tensão, expectativa até ao clímax (ponto culminante da acção).

- Desenlace – desfecho, que corresponde à morte das personagens (física, social ou afectiva).

  • No Frei Luís de Sousa:

- Exposição (Acto I, Cenas I-IV) – Apresentação dos antecedentes da acção, das personagens e das relações existentes entre elas.

- Conflito (Acto I, Cenas V-XII; Acto II; Acto III, Cenas I-IX) – Desenrolar gradual dos acontecimentos, com momentos de tensão e expectativa – desde o conhecimento de que os governadores espanhóis escolheram o palácio de Manuel de Sousa Coutinho para se instalarem até ao reconhecimento do Romeiro (clímax) – e que despoletaram uma série de peripécias.

- Desenlace (Acto III, Cenas X-XII) – Desfecho causado pelos acontecimentos anteriores – consumação da tragédia familiar em que Maria morre e seus pais vêem-se obrigados a separar-se, morrendo um para o outro bem como para a vida mundana.

Mais informação em:
http://www.exames.org/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=141&Itemid=45

Estrutura Externa

  • Organiza-se em actos subdivididos em cenas.
  • Mudança de espaço – mudança de acto.
  • Entrada e saída de personagens – mudança de cena.

Frei Luís de Sousa divide-se em 3 actos:

- Acto I – 12 cenas.

- Acto II – 15 cenas.

- Acto III – 12 cenas.

O mito Sebastianista


Após a derrota de Alcácer Quibir e o desaparecimento do Rei D. Sebastião (1578). A comunidade ficou sob o domínio castelhano. Julgou-se que só a fé excêntrica poderia salvar-nos. Durante o séc. XIX, o sebastianismo foi passando a esfera política. O sonho heróico de D. Sebastião, a sua morte na batalha, o mito do seu regresso e a quimera do Quinto Império inspiram poetas e prosadores.
No Frei Luís de Sousa, o mito sebastianista alimenta, desde o início, o conflito vivido pelas personagens, na medida em que a aceitação do regresso de D. Sebastião implicava idêntica possibilidade da vinda de D. João de Portugal, que combatera ao lado do rei na batalha de Alcácer Quibir, o que, desde logo, colocaria em causa a legitimidade do segundo casamento de D. Madalena. Não é inocente, nem fruto do acaso, o facto de Garrett ter concebido que Madalena aparecesse em cena justamente a ler Os Lusíadas. Efectivamente, tal facto está também associado ao mito sebastianista que, deste modo, marca a obra desde o seu início.
Quem se encarregará, pois, de dar corpo a este mito é Telmo, o velho criado, quem associa à fé no retorno do Rei a convicção de que D. João de Portugal, seu amado amo, um dia aparecerá.