quinta-feira, 23 de abril de 2009

O mito Sebastianista


Após a derrota de Alcácer Quibir e o desaparecimento do Rei D. Sebastião (1578). A comunidade ficou sob o domínio castelhano. Julgou-se que só a fé excêntrica poderia salvar-nos. Durante o séc. XIX, o sebastianismo foi passando a esfera política. O sonho heróico de D. Sebastião, a sua morte na batalha, o mito do seu regresso e a quimera do Quinto Império inspiram poetas e prosadores.
No Frei Luís de Sousa, o mito sebastianista alimenta, desde o início, o conflito vivido pelas personagens, na medida em que a aceitação do regresso de D. Sebastião implicava idêntica possibilidade da vinda de D. João de Portugal, que combatera ao lado do rei na batalha de Alcácer Quibir, o que, desde logo, colocaria em causa a legitimidade do segundo casamento de D. Madalena. Não é inocente, nem fruto do acaso, o facto de Garrett ter concebido que Madalena aparecesse em cena justamente a ler Os Lusíadas. Efectivamente, tal facto está também associado ao mito sebastianista que, deste modo, marca a obra desde o seu início.
Quem se encarregará, pois, de dar corpo a este mito é Telmo, o velho criado, quem associa à fé no retorno do Rei a convicção de que D. João de Portugal, seu amado amo, um dia aparecerá.

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